sábado, 5 de novembro de 2011

Floripa e os "sete bi"

Foi só ler a notícia de que a população do planeta atingiu sete bilhões de pessoas para notar que o trânsito em Florianópolis piorou.
Nesta sexta-feira, saí de casa às 6h30 para levar a patroa à rodoviária e só chegamos ao destino às 7h25, dez minutos depois de o ônibus ter saído. Em que cidade do país, não sendo São Paulo, você leva 55 minutos para percorrer vinte quilômetros?
É certo que algumas obras – justamente para “melhorar o fluxo” de veículos – acabaram atravancando ainda mais o trânsito, mas é óbvio que o fator “sete bilhões de habitantes” contribuiu psicologicamente para o caos. Funciona mais ou menos como o fator chuva: basta ameaçar cair alguns pingos que o número de veículos em circulação aumenta. Existe até a comparação dos carros de Florianópolis com os Gremlins: bastou molhar que eles se multiplicam.
O engraçado é que apenas no trânsito se sente o efeito dos sete bilhões de habitantes. Nesta mesma sexta-feira de manhã, percorri o centro da cidade durante cerca de duas horas e não percebi maiores consequências da superpopulação: os corredores das lojas estavam transitáveis, as filas nos pontos de ônibus não chegavam a dobrar a esquina, não faltou pão nas padarias, o atendimento nas emergências médicas continuava demorando no máximo três semanas...
Ou seja: ou somente o trânsito reflete as sequelas do aumento populacional, ou eu senti os efeitos com mais intensidade porque estava ali dentro, parado, engrenando e desengrenando a marcha, de meio metro em meio metro, durante longos 55 minutos. É muito mais provável que esta segunda opção seja a verdadeira, mas, enfim, eu preciso de algo a que me apegar, e é mais fácil culpar os outros 6.999.999.999.999 habitantes do que a nós mesmos.

Florianópolis deve ganhar em breve sua quarta ponte – que na prática deve ser a terceira, já que a Hercílio Luz não se dá ao desfrute – e eu não consigo entender como isso pode resolver os problemas do trânsito.
De que adianta aumentar a vazão para dentro e para fora da ilha se, na ilha propriamente dita, vamos continuar com a mesma capacidade de tráfego? Não há como criar mais vias de trânsito. Nem todas as tubulações do mundo vão evitar a enchente se o escoadouro é um só.
Pode parecer meio utópico – quem quer abrir mão, a curto prazo, do conforto de seu carro? – mas só vamos encontrar uma saída com o incremento do transporte coletivo. E não me refiro apenas à rede de ônibus hoje em operação, mas a opções várias, que incluem até o transporte marítimo.
Afinal, isto aqui é ou não é uma ilha?

11 comentários:

Bob Aguiar disse...

Zanfra...compre um carro automático e aí vc não precisa ficar trocando as marchas..rsrs

Anônimo disse...

E a indústria automobilística continua vendendo carros a granel para o mundo inteiro.abs José Luiz Teixeira.

Anônimo disse...

O trânsito de Florianópolis já está caótico há tempo! Concordo que tenhamos que buscar soluções alternativas aos carros, as quais, no meu modesto entender, passam pelo transporte marítimo (sim!) e pela maior oferta de transportes coletivos. Em relação aos últimos, mais linhas, mais horários e maior qualidade são indispensáveis para que se tornem atrativos e ....factíveis. Só não concordaria se me viesses com a romântica e UTÓPICA ideia de “substituir carros por bicicletas”, e por uma simples razão: nosso clima e relevo não permitem isso. Do jeito que chove aqui, e temos morros, “morrebas”, aclives e colinas, impossível encarar a bike. E além disso, o arremedo de ciclovia que fizeram em algumas (poucas) ruas da cidade, só atravancou ainda mais a circulação, já que as vias são muito estreitas – vide a Rua Rui Barbosa, aquela geral do bairro Agronômica.
Ilha de belas praias, de divinas paisagens...e de trânsito infernal! Tem gente demais no mundo sim! Têm carros DEMAIS também! Principalmente aqui!
(que bom ler um novo post teu! Bjo! Guta)

morani disse...

Olá Zanfra:

O texto de sua crônica pode muito bem ser aplicado à nossa cidade de Nova Friburgo. Quando aqui aportei, no ano de 1953, vindo de Natal, RN, a cidade era tranqüila; o trânsito não existia; as ruas e avenidas eram usadas por uma população pequena de 50.000 habitantes espalhados por sete distritos. O centro da cidade, depois das oito horas da noite, era como uma cidade fantasma. Hoje, abro mão de sair de minhas ladeiras, onde fica o bairro em que moro - o Perissê -, para bater pernas pelo centro caótico de nossa cidade. Prefiro a tranqüilidade de meu recanto ao burburinho de cidade grande, no centro. Em 1953, a cidade tinha pouco mais de 200 veículos; não era nada. Hoje, o número é tão exorbitante que quase não há mais espaços livres para manobras e estacionamentos. A população local atingiu o número de mais ou menos 200.000, não contando com o número de alienígenas que todas as semanas adentram nossa cidade em invasões que nos trazem mais confusão ao trânsito que o desejado pelos que aqui vivem permanentemente. É o caos! Olhando os que por mim cruzam as nossas ruas, sinto-me como em uma lata de sardinha; abafado, confuso pelo número de seres que cruzam por mim. É difícil topar a antigos conhecidos. Todos são estranhos e desejando o mesmo espaço que você procura. Nem falo sobre a invasão de caminhões de cargas de outros estados lotados de mercadorias e de motos que a cada dia parecem dobrar em número. E para piorar mais o caótico trânsito da cidade, ela se vê cercada por montanhas que fazem parte da Serra dos Órgãos. Estamos em um vale que dizem ter sido, há milhões de anos, a boca de um vulcão. Aqui, meu amigo, só viadutos, e muitos. Ou se fazem alguns ou a cidade há de parar. Abraços, e se dê por feliz por Fpolis estar à beira-mar.

Marco Antonio Zanfra disse...

Mas o mar também inibe a expansão, Morani. Florianópolis tem o mar de um lado - ou de todos os lados, por ser uma ilha - e um maciço montanhoso no centro, impedindo a expansão da malha viária. Não há como abrir mais ruas para ajudar no escoamento do tráfego. Nosso problema não é o excesso de veículos: é a falta de ruas...

cilmar machado disse...

É por isso que amo morar em minha pequenina Lins (SP), com seus 70.000 habitantes, muito espaço, sol e calor. Só nos falta o mar de Floripa, né? Mesmo assim, o número de carros e motos (praga moderna e em expansão), já começa a causar problemas de estacionamento que, mesmo com o controle pago (Zona Azul), já está se tornando raro na área central da cidade. Com a expansão da indústria automobilística e facilidades de crédito para se adquirir um veículo automotor, muito brevemente seremos 7 bilhões de habitantes com 7 ou mais bilhões de carros...

Vandeco disse...

A construção que está sendo erguida no lugar das torres gemeas em New York, que será imensa tão quanto era as torres, somente terá 40 vagas de stacionamento. Eu disse 40 vagas e não serão para atender a quem se dirige ao prédio, nem mesmo aos presidentes de empresa que se instalarão lá. Esta é a nova tendência, ou seja, quem for tarbalhar lá tem de ir de metrô até o presidente da empresa, ou estacionar em outor local e muito caro.Ou seja, se beber não dirija, se for trablhar lá também não dirija. Nos grande centros urbanos e modernos om carro será coisa do passado.

Zélia Pinheiro disse...

Zanfra, em Floripa qdº chove aumentam os veículos? E em Goiânia que basta uma ameaça de chuva e o trânsito pára! Nunca entendi... será para apreciar o espetáculo da natureza? E qdº resolvem seguir são tantas as colisões que é melhor ficar parado mesmo, vai entender...

Serafim disse...

CARO ZANFRA

Te convido a vir morar em Cerquilho.Cidade na faixa de 40.000 habitantes,ruas que mais parecem avenidas,toda arborizada e por incrível que pareça,sem semáfaros.O dito progresso automobilístico ainda não chegou por aqui.É tudo questão de planejamento.

Abraços

Marco Antonio Zanfra disse...

A chuva tem uma vantagem, Zélia: o medo da pista molhada e da falta de visibilidade obriga os motoristas a dirigirem com mais atenção e com menos velocidade - às vezes irritantemente com menos velocidade - e por isso os acidentes, quando ocorrem, são menos violentos.

Marco Antonio Zanfra disse...

Que tal abrirmos uma pizzaria em Cerquilho, Serafim. Eu entro com o 'know-how' de pizzaiolo e você entra com a mussarela Capricho ("o resto é lixo")?