sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Até que a morte os separe...

Não tive um casamento religioso e por isso não passei por aquelas promessas formais de fidelidade e respeito... na alegria e na tristeza... na saúde e na doença... na riqueza e na pobreza etc... etc... até qua a morte os separe... Não fiz esses juramentos por circunstâncias outras, mas, cá para mim, talvez não os fizesse por achá-los dispensáveis. Redundantes, até.
Não creio que valha alguma coisa você prometer diante de um padre manter seus laços de amor e respeito, em situações boas ou adversas, se você não estiver realmente disposto a fazê-lo. Acho que isso está implícito no desejo de casar-se, de unir-se a alguém, pelo menos teoricamente, até o fim de seus dias.
Ora, ninguém é ingênuo a ponto de esperar da vida somente dias felizes, saúde e riqueza. Mesmo nos contos de fada a princesa e o príncipe encantado passam por poucas e boas antes de viverem felizes para sempre.
O companheirismo que une um casal não está nas promessas formalmente ditadas ao padre e aos convidados do casamento. É algo inerente. A dor de um é a dor do outro, porque a dor compartilhada fica menos dolorida, menos pesada.
Lembrei-me dessas promessas matrimoniais – e por causa delas fiz esse arrazoado todo – quando li sobre a morte do ministro aposentado do STJ, que partiu algumas horas depois da mulher. Ambos tinham câncer. De que lhe adiantaria continuar vivo se a companheira de mais de cinquenta anos o tinha deixado?
Ainda que talvez nem se lembrassem mais disso, eles levaram ao pé da letra as promessas. Na saúde e na doença... na alegria e na tristeza... até que a morte, pelo menos por um curto espaço de tempo, os separasse.


Um ou dois dias depois, li sobre o caso de um rapaz que não chegou a fazer os juramentos – e certamente também os acharia redundantes – porque o até que a morte os separe quebrou a ordem natural das coisas e antecipou-se: diante de uma van desgovernada, ele conseguiu salvar a namorada, mas morreu esmagado contra um muro.

3 comentários:

Bob Aguiar disse...

Pois é Zanfra, tudo que voce cita está enterrado no modernismo da vida atual. A única coisa que fica de tudo aquilo é o "Na riqueza" mesmo.
Companhia, ora, nada que o Bahamas e outros menos famosos não resolva, escolha a origem, cor, altura, status, etc e voce terá a companhia enquanto durar o conteudo da sua carteira. Vale o mesmo para o feminino, antes que digam que sou machista.
Esse casal citado, exemplo de vida, deve ser os últimos exemplares de um passado que não era tão ruim assim de ser vivido. Pelo menos eu acho isso!!

morani disse...

Amigo Zanfra:

Para quem como eu, que creio nos princípios espíritas - eu sou um deles, mas não freqüento mais os salões dos Centros Kardecistas -, esses fatos são planos adrede construídos ainda nas esferas espirituais. Retornamos a Terra com um lapso em nossa memória, sobre o nosso passado aqui mesmo, e vamos, muita vez, nos deparar a antigos companheiros (as) aos quais tivemos ligações sentimentais que sofreram soluções de continuidade por quaisquer problemas insolúveis à época. Nada é coincidência em nossa existência, mas um determinismo infalível nos junta e nos une, mais uma vez, para que se aparem as arestas deixadas em passados mais ou menos remotos ou não. Assim, encaro esses acontecimentos sem surpresas, porém com esperanças de que possa eu vir resgatar alguma dívida e continuar, após novo retorno ao mundo invisível, a escalada da evolução. É isso. As promessas feitas ao pé do altar são meras formalidades, pois o que vale mesmo é o amor e o respeito dedicados ao nosso cônjuge. Abraços.

Morani

cilmar machado disse...

Acredito que nem todos sejam suficientemente equilibrados para manter um relacionamento maduro como o seu, Zanfra.Especialmente os casais mais jovens tendem mais à separação quando um problema lhes surge.O amor maduro vem com o tempo para os dois.Daí talvez a intenção do juramento em manter mais unidos os cônjuges, Será que meu conceito está muito quadrado?... rs rs