segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Exorcismo


Que atrocidades não são cometidas em nome da fé...
Podem me contestar, podem me chamar de herético, podem me prender, podem me bater, podem até deixar-me sem comer, que eu não mudo de opinião: a religião tão mais forte é quanto mais fraco é o coitado que ela explora. Cabeça tonta, o diabo – ou um deus, no caso – toma conta.
As religiões pentecostais do tipo máquina de fazer dinheiro apostaram na ortodoxia da ingreja católica para crescer. Cresceram na fraqueza da cabeça da patuléia, em cima do teatro ritual de descarregos, exorcismos e o cacete. A igreja católica, dentro de seu padrão de comportamento burguês, foi cedendo espaço aos tiradores de encosto, aos libertadores das almas subjugadas pelos espíritos das sombras. Deu no que deu. Ou melhor, deu no que está dando.
Não nasci assim. Quero dizer, não nasci contestando a religião. Até passei por algumas provações, como batismo, crisma e primeira comunhão. Até frequentei alguns centros de umbanda. Mas dei um basta a toda e qualquer profissão de fé quando uma religião – ou todas, por extensão – mostrou sua face insana e irracional: passei a ser um ser profano incorrigível – a quem a ignorância do agnosticismo vai muito bem, obrigado – quando, já repórter, acompanhei o caso de uma criança que estava condenada à morte simplesmente porque as testemunhas de jeová não permitiam a transfusão de sangue. Existe algo mais irracional que isso?
Existe. Acabei de ler que, durante uma sessão de descarrego – ou culto evangélico, o que vem a ser a mesma coisa – uma mulher teria confessado o assassinato da própria filha e a ingestão de seu sangue, como forma de libertar-se de um espírito do mal que lhe havia sido encomendado por praticantes de bruxaria. A confissão foi feita durante um culto da Igreja Universal do Reino de Deus da avenida Celso Garcia, no Brás. Alguém que acompanhava o culto pelo rádio resolveu chamar a polícia, porque os pastores que orientavam os rituais tinham até então mantido suas santas boquinhas fechadas.
A mulher ainda não foi identificada, e a polícia até acha que o sacrifício da filha possa ser um delírio da cabeça fraca dela. Normal: o que essa religiosidade de baixo impacto significa a não ser um exercício de fé delirante, onde quem grita mais alto pensa ficar mais perto da salvação?

Um comentário:

José Luiz Teixeira disse...

Pois é, Zanfra. Em nome de Deus já se matou muito neste mundo...e muito mais ainda vai se matar. Vide Oriente Médio.