domingo, 5 de agosto de 2007

Mulheres em campo


A idéia não é minha, mas pode dar certo: que tal instituir o sistema de cotas no futebol brasileiro, permitindo o ingresso de mulheres como Marta, Cristiane e Daniela Alves em equipes com dificuldades para contratar craques do mesmo quilate, porém do sexo masculino?
Tive esse vislumbre ao ler a sentença do juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho, da Nona Vara Criminal da Capital (SP), aquele que apreciou a queixa-crime do jogador Richarlyson, do São Paulo, contra o diretor administrativo do glorioso Palmeiras, José Cyrillo Júnior, o qual teria colocado em suspeição, durante um programa de TV, as, digamos, opções amorosas do volante são-paulino.
Na sentença, depois de definir que “futebol é jogo viril, varonil, não homossexual”, o magistrado critica entidades e jornalistas que querem projetar para os gramados os atletas da chamada terceira via e lança a, para mim, grande idéia: “Ora, bolas, se a moda pega, logo teremos o ‘sistema de cotas’, forçando o acesso de tantos por agremiação...”
Por que não? Compreendemos a preocupação do juiz em preservar a rudeza das patadas entre as quatro linhas, mas, data vênia, por que não daria certo se as beneficiadas com as cotas fossem as mulheres, não os homossexuais? Desde que sejamos complacentes com os índices de virilidade a serem exigidos de uma Kátia Cilene ou de uma Pretinha, por exemplo, por que não ceder espaço em campo para nossas valorosas guerreiras? Afinal, elas têm mais intimidade com a bola do que muito marmanjo por aí e, como se isso não bastasse, as pernas delas são indiscutivelmente mais bonitas.
Aliás, meritíssimo, depois do caso Richarlyson e dos 33 a zero de nosso escrete cor-de-rosa nos Jogos Pan-americanos, futebol ainda deve ser considerado “coisa de homem”?

Um comentário:

Bonassoli disse...

E Rycharlyson, obviamente, não é o único caso. A maioria das pessoas envolvidas com futebol sabe, mas "prefere" não comentar.