quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Desligue a TV!


Nas preliminares desta nova edição do Big Brother Brasil, que começa na próxima terça, o editor de Ilustrada da “Folha Online”, Sérgio Ripardo, sugere que o “telespectador esclarecido” dê uma “resposta contundente” à insistência da Globo em meter-nos goela abaixo esse programa excrementício e desligue a TV. Acho a idéia ótima. Difícil é achar quem a coloque em prática. Em outras palavras, difícil é achar “telespectador esclarecido”.
Só há um argumento capaz de fazer uma rede comercial de TV abandonar um projeto: o fracasso comercial. Não há apelo de Papa, não há pesquisa de opinião – a última, da própria “Folha”, indica que 76% dos leitores crêem que o BBB-8 será um fracasso de audiência – e não há consciência crítica ou de auto-regulamentação que retire da grade um programa que garanta o feed-back. Dá ibope? Vende todas as quotas de patrocínio? Ora, então que se escarrapache o povo! Se ele está financiando a própria involução intelectual, é porque merece (e quer) voltar ao estágio unicelular!
O Big Brother explora o que há de mais baixo – embora inato – no comportamento humano: a mania de sentar no rabo e tecer comentários sobre o rabo alheio. É o voyeurismo de baixo impacto. Se sua vida é uma titica sem o menor atrativo – como devem ser as titicas, ops!, as vidas da maior parte do público do BBB – vá buscar assunto na intriga alheia! Vá fofocar sobre os vizinhos virtuais! A vida deles também não tem a mínima graça, mas a titica deles está na Globo!
Não quero criticar a emissora como um todo. Alguma coisa de bom ainda deve sair de lá, uma vez ou outra, muito raramente. Minha crítica é contra o abandono da tese de que a televisão é uma ferramenta de formação e informação, essencial para a construção da consciência, da civilidade e da cidadania. Que tipo de formação pode se esperar desse onanismo existencial que é o Big Brother Brasil?
Como concessão do poder público, a TV – não só a Globo – não pode, em função da busca incansável de lucro, esquecer-se de seu caráter social. Explorar o grotesco, a baixaria e o erotismo ralé tem de deixar de ser norma. A televisão não precisa apresentar programas culturais chatíssimos e cansativos para salvar o intelecto do povo: basta parar de descer. Até a hiena dispensa a carniça diante de uma caça mais apetitosa.
Quanto a mim, sigo o conselho de Sérgio Ripardo desde a primeira versão do BBB: desligo a TV (ou mudo de canal) até mesmo durante as chamadas do programa. Melhor ler um livro.

2 comentários:

Bonassoli disse...

A única "utilidade" do tal BBB é revelar novas "discretas" mocinhas para revistas masculinas.

Unknown disse...

Eu já disse que o tal de BBB é uma putaria aceita pelo povo brasileiro pacíficaente.
Depois os pais vem a público chorar porque seu filho(a) estão perdidos....
Apague a TV e os estimule.
Só.
E as mosquinhas, por favor, brincadeira tem hora seu Zanfra!
Abração
Jornalista Betinho Hirtz