segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Apenas um ensaio sensual


A música sertaneja está prestes a suplantar mais um obstáculo em sua trajetória rumo à globalização: a partir do momento em que se cumprir a promessa de um integrante (ou serão os dois?) de uma dessas duplas que andam por aí de posar nu para a revista “G Magazine”, ninguém segura! O sexo, antes sugerido nas letras melosas de quase todas as canções do gênero, passará a ser artigo explícito, se bem que o Rick (ou será o Renner?) já avisou que será apenas um “ensaio sensual” e que não vai mostrar o “chitãozinho” para ninguém. Mas, com ou sem nu frontal, a pose para uma revista dirigida ao público gay será sem dúvida um divisor de águas na história da música caipira.
Sou do tempo, acreditem, em que a música sertaneja era música sertaneja mesmo. Tipo tristeza do jeca, o alazão que morreu de sede, o alarido dos passarinhos no romper da aurora, o rancho fundo bem pra lá do fim do mundo. O rural e o agreste eram temas recorrentes. Creio que essa urbanização do tema sertanejo possa ter começado com Chitãozinho e Xororó, a partir do momento em que o tema amor/traição passou a compor mais da metade do repertório. E, sei lá por que, a dor-de-corno cantada a duas vozes passou a mexer mais com a sensibilidade do povo do que o sofrimento dos chifrudos do asfalto.
Nada nas minhas lembranças de infância sobre músicas de Alvarenga & Ranchinho, Tonico & Tinoco e Pedro Bento, Zé da Estrada & Celinho – a primeira dupla caipira de três –, por exemplo, está associado a algo que não se refira diretamente a assuntos da roça. Caminhonetes tunadas e rodeios milionários fazem parte dos temas das novas gerações, mais universalizadas – e ricas – e menos próprias para ser ouvidas num velho rádio a válvula, entre um e outro cantar de galo.
Quem diria... O sertanejo sertanejo ficou para trás, bem lá longe. As músicas mudaram, o público tornou-se diversificado e maior, não há mais jecas tristes e o rancho fundo virou um latifúndio. E agora Bruno (ou será o Marrone?) vai estampar suas indecências a quatro cores numa revista nacional...
Fossem outros os tempos, daria até para imaginar quais seriam os grandes ensaios fotográficos e as grandes manchetes a arrebatar multidões de fãs de nossa autêntica música caipira:

- Cascatinha e Inhana mostram tudo!
- Pena Branca põe o Xavantinho pra fora!
- Inezita Barroso, muito à vontade, de braço dado com dois soldado!

Tirando a gozação, dá para acreditar nisso?

11 comentários:

Anônimo disse...

Com sou gaudério, deves saber que sou Teixeirinha, lado duro barbaridade!
Do lado romântico sou Lupicínio Rodrigues.
Do outro lado do nosso País, hoje, nada mais me surpreende!
Lamento meu colega, mas é "a vida com o ela é" !

Betinho Hirtz

Anônimo disse...

sera que vou conseguir postar?

Anônimo disse...

Parte 1
Verdade... Mas essa mudada de cenario da musica sertaneja seria a evolucao natural ou mera copia do sertanejo atual americano?
O country americano ja nao e de longe o que meu sogro costumava ouvir, a tal da blue grass, mais ao sul dos EUA. Blue Grass esta para os americanos assim como Tonico e Tinoco estao para nos (ainda bem que a moda de posar nu nao foi no tempo deles..).

Anônimo disse...

Parte 2
Alias, mencionando Pedro Bento, Ze da Estrada e Celinho, vale lembrar que fomos a escola com os filhos de um deles (adivinha quem): Alicelio e Alicelito..
O Alicelio dava em cima da Ninha, e eu era apaixonada pelo Alicelito, que me ignorava totalmente.. Mas voltando ao nu da questao, imagino: peladao de chapeu e botas de cowboy :)

Marco Antonio Zanfra disse...

E, se é para "vale lembrar", o Fábio andava saindo com a prima deles, de cujo nome não me lembro. O Alicélio tinha uma coisa boa: tocava violão legal. O Alicelito era um babaquinha, diferenciado apenas pelos olhos verdes.

Marco Antonio Zanfra disse...

E, se é para "vale lembrar", o Fábio andava saindo com a prima deles, de cujo nome não me lembro. O Alicélio tinha uma coisa boa: tocava violão legal. O Alicelito era um babaquinha, diferenciado apenas pelos olhos verdes.

Anônimo disse...

Afinal, quem é que vai tirar a roupa? Estive aqui consultando meu arquivo de memória e não consigo lembrar de um único sertanejo que valha a pena. Será que é novo na praça?

////Suzi

Anônimo disse...

Pois é, acredito que posar nu é uma forma de estar na mídia... buscar um espaço que provavelmente a música, ou a falta dela, não está conseguindo... A exposição do corpo, da imagem, é uma das e principais formas de mostrar os "dotes", não musicais claro!

Eliz!

Anônimo disse...

O nome dela era Lucilene. Ela tinha um par de botas que eu e a Ninha revesavamos... cada 10 minutos uma usava :)

Quanto ao comentario da Susi, eu diria: olha direito! Mas nao para as caras deles ;)

Anônimo disse...

So me faltava isso...
Falando mais de musica: parece que é normal, mudarem as raízes musicais... Exemplos: musica gaucha não é mais chamada de tradicionalista,alias, esta dificil achar alguma banda tradicionalista, hoje so exsite o tal do TCHE MUSIC! E assim acontece com os outros ritmos...
Mas acho que para alguem chegar ao ponto de ficar nu, é porque o negocio ta feio, nao conseguem mais fazer musicas que o povo goste, ou entao como já disseram aí encima, querem aparecer na midia.
Sei que não é cantor, e não conheço muito sobre ele, até porque não é da minha época, mas imaginem só o MAZZAROPPI pousando nu, iria ser um sucesso.
Um abraço
André Campos

Anônimo disse...

Minha dúvida é: será que no público sertanejo tem espaço para os que desejam ver um cantor pelado? Será que o público sertanejo "de raiz" aceita ver um de seus astros mostrar algo mais furreca do que suas musiquinhas furrecas? Ou o público sertanejo "de raiz" (ou "sertanejo sertanejo", como chamou o blogueiro)ou está pouco se lixando para o que um tipinho desses faça, porque esse público tem ídolos muito mais consistentes e que não precisam desse tipo de promoção? O perigo é o cantor aparecer nu e não agradar: o povo vai falar que, além de cantar mal, é decepcionante como estampa.
abs, Rodrigo Virotto Dias