segunda-feira, 18 de maio de 2009

Oh, céus! Oh, vida! Oh, azar!

1 - Numa piada que contava em um show há vários anos, ainda na minha adolescência – sim, leitores incréus, eu já fui adolescente! – Juca Chaves questionava o comportamento algo, digamos, otimista da hiena: se o animal só se alimentava de carniça e praticava o sexo apenas uma vez por ano, que motivos teria para rir?
Era uma pergunta retórica, claro. Mas parece que agora, quase 40 anos depois, está sendo respondida: as hienas usam as risadas como forma de identificar-se dentro do grupo, segundo pesquisa realizada por cientistas da Califórnia, nos Estados Unidos.
Quanto mais grave o som emitido, mais velho é o animal e, portanto, maior ascendência tem sobre o resto do bando. Ou seja: se é para alimentar-se de carne em decomposição e ter sexo uma única vez ao ano, que os mais velhos sejam os primeiros a comprazer-se nessa orgia desmedida de sentidos.
O estudo indica que as hienas mais jovens têm a risada mais estridente e riem mais, como costumam rir os mais jovens e inconsequentes animais de qualquer espécie, inclusive os racionais. Com a idade, a risada vai ficando mais grave e, com a posição hierárquica superior, mais comedida. Na disputa por alimentos escassos, o líder do bando solta uns poucos grunhidos e consegue a primazia. Uma espécie de carteiraço lá entre elas.
É claro que essa pesquisa deve ter sua importância para alguma coisa, qualquer que seja, mas funciona também como uma espécie de estraga-prazeres: que graça tem saber que a hiena não ri por prazer ou por felicidade? Que graça teria agora o personagem Hardy (que tomei gentilmente para ilustrar esta postagem), construído justamente como a antítese ao estereótipo que adotávamos até então sobre a personalidade otimista do animal. Pois é: a ciência é legal, mas às vezes o conhecimento empírico destrói algumas ilusões e, principalmente, alguns motes de piadas.

Ou, como diria o próprio Hardy: Não vai dar certo, Lippy!

2 – No Rio de Janeiro, um cara se jogou de cima da ponte Rio-Niterói para não ser preso. Imagine só: são trinta metros de altura e, apesar de a parte de baixo estar coberta de uma substância líquida, também conhecida como mar, a cacetada é terrível. Já vi um caminhão basculante cair da ponte Colombo Salles, aqui em Florianópolis – que tem mais ou menos a mesma altura da Rio-Niterói – e os bombeiros terem de cortar as ferragens retorcidas para retirar o corpo do motorista.
Uma vez, há quase trinta anos, atravessando a pé a ponte Presidente Dutra, que liga os municípios de Juazeiro e Petrolina – e, por extensão, os Estados da Bahia e de Pernambuco – meu amigo, compadre e companheiro de viagem Cláudio Marinho Guedes sugeriu que pulássemos nas águas do rio São Francisco, vinte e tantos metros abaixo, como vários garotos faziam despreocupadamente à nossa frente. Mesmo na inconsequencia dos meus 24 anos, adivinhem se topei o desafio? O impacto pode matar. Qualquer erro de ângulo na queda e você pode ficar tetraplégico. Não veem o caso de Marcelo Rubens Paiva, que nem estava nas alturas quando pulou?
Para saltar de um helicóptero quase na estratosfera, cair num córrego e sobreviver com alguns poucos arranhões, só mesmo sendo Robert Langdon...

19 comentários:

Regina Andrade disse...

Zanfra...concordo que a ciência às vezes deixa pequena nossa imaginação, mas foi legal saber isso das hienas!....e quanto a pular de pontes, não dá para rir disso!...

abraços
Regina

Clóvis Lima disse...

Agora que sei por que as hienas riem... não vou pular da ponte.
Abraços do seu novo leitor.

Eliz disse...

Oi Zanfra,

Falando em rir, e em personagens de desenho animado lembrei do Muttley o cachorro do Dick Vigarista, o qual ria de situações "como cair de uma ponte a 30 metros de altura". Ihihihi

Cintia disse...

Simplesmente adoro esssas pesquisas! Nao me importa se nao servem para nada, mas pelo menos para serve pra puxar conversa ...

Entao, voce nao quis se jogar nos bracos do Velho Chico? Voces estavam pelo menos cantando "Juazeiro, Petrolina, Petrolina, Juazeiro, todas duas eu acho uma coisa linda, eu gosto de Juazeiro e adoro Petrolina"..

Marco Antonio Zanfra disse...

Cantar a gente não cantou. Mas atravessamos aquela ponte pelo menos umas quinze vezes, em dois dias: apesar de hospedados em Petrolina, não conseguíamos ficar longe da hospitalidade baiana.

Cintia disse...

Por onde anda o Claudio?

Marco Antonio Zanfra disse...

Espero saber em breve. Mandei um e-mail para a empresa dele. Vamos ver se ele responde.

Hierarquia e disciplina disse...

Conhecia um certo colega de corporação que se destacava pelos odores fétidos que exalava.Fediam-lhe os pés,axilas,a boca(coitado do ilustre dentista),entre outros.Foi expulso por praticar atos incompatíveis com a farda que envergava e posteriormente morto pelos colegas de crime.Acredito que a hierarquia e disciplina exista não só entre as hienas,mas também entre os decompositores cadavéricos.Posso até imaginar o discurso do mais antigão dirigindo-se ao mais moderno:"-Recruta,deixa as nádegas com a gente que já estamos acostumados,mas esses pés aí são por sua conta!"

ÁGUA,malte,arbohidratos,lúpulo... disse...

A hidrofobia é um mal de família.Seja para pular da ponte,seja para banhar-se no Campeche,Naufragados,etc.Posso contar nos dedos quantas vezes entrei no mar durante minha estadia aí em Florianópolis.Só quando não tinha mais jeito mesmo.Quando a inibição o hormônio antidiurético,provocado pela cerveja,obrigava a molharme,pelo menos até a cintura.

Anônimo disse...

Zanfra, não tem nada a ver o meu comentário hoje com o texto.É que estou surpresa: acabei de ver o ministro chefe do STF Gilmar Mendes em uma Rede de TV falando de coisas pertinente ao judiciário-coordenando uma força tarefa no judiciário em Teresina-PI, pois lá, como em quase todo o Brasil impera o Caos. Gostei de ver GM cuidando da própria casa e sem dar nenhuma opinião sobre os outros poderes e não antecipanmdo na imprensa os seus julgamentos. Legal mesmo né? Oxalá que esta seja realidade daqui para a frente!
Abraços,
Zélia

Marco Antonio Zanfra disse...

Pois sua surpresa é altamente justificável: ao que parece, é a primeira vez que ele está se metendo em assunto que é da sua conta!

Vico disse...

Pular da ponte é coisa de doido, ou suicida. Vocês já viram esses caras que fazem o chamado "pêndulo", pulam da altura e ficam balançando pra lá e pra cá, resvalando na água lá embaixo em alta velocidade ? Vixe! Bem fizeste em não arriscar...

Divulgando Sites disse...

É isso aí, cada doido com a sua doideira rs, adorei o blog amigo, boa semaninha.

serafim disse...

CARO ZANFRA, AINDA BEM QUE VC NÃO PULOU.QUEM RESPONDERIA PELO BLOG?
CASO QUEIRA MATAR A VONTADE, ATÉ 5 METROS DE ALTURA GARANTO QUE O MÁXIMO QUE VC VAI CONSEGUIR É DAR UMA "BARRIGADA".
ABRAÇOS

Marco Antonio Zanfra disse...

Não tenho a mínima intenção de matar vontade nenhuma, Serafim. E nem é pelo risco da barrigada. É pela incompatibilidade com o elemento água. Não gosto de água, nem para beber. Moro na praia, mas não entro no mar. A única forma de água que me agrada é aquela quentinha que sai do chuveiro.

Gustavo Bruno disse...

A fiugura da hiena, rindo com o que sobra para ela após a divisão do bolo, é bem um retrato do brasileiro: nossos políticos só pensam neles, ahahah! está sobrando mês no meu salário, ahahah! o governo vai meter a mão na poupança, ahahah! É tudo muito triste...ahahah!

Carlos Martí disse...

Lippy The Lion & Hardy Har Har, que divertida versão do clássico Dr. Jekyll e de Mr. Hyde. Na visão de Hanna Barbera eles convivem e são inseparáveis e é sob a visão particular de cada um deles, um mesmo fato pode parecer absolutamente distinto. Sem cair num maniqueísmo barato, é possível perceber que todos carreguemos uma porção Lippy e outra, Hardy, felizmente! Nem daria para se resignar a tudo que nos acontece, sem se mostrar crítico com a sorte (oh, vida...), como tampouco se sobrevive ao enfado e desalento permanente.
Ver o lado divertido e bem-humorado da vida é preciso, como no primeiro episódio desses grandes "alter egos" de nanquim e guache, com a estímulo adicional do personagem “água”:

http://www.youtube.com/watch?v=dogNT1rd8cU

Abraço

Marco Antonio Zanfra disse...

Pois é, só faltou gente pulando da ponte nesse desenho. E, em se tratando de história de pirata, mais adequado seria pular da prancha.
Uma observação: quantos tiros em seguida pode dar aquela garrucha de um cano só?

Anônimo disse...

Prezado Zanfra
Estava a comentar esta matéria quando não mais que de repente, deu um apagão aqui no bairro.
Na verdade, gostei de saber um pouco mais sobre a hiena.Graças à sua matéria, deletei definitivamente, um episódio de meu passado profissional.Muitissimo obrigada rsrsrs
Definitivamente, também não sou chegada a essas aventuras de saltar do sólido pro liquido,menos ainda o inverso (se é possível).Meus parabéns por não ter pulado. Preferimos você aqui.
bjão
sonia carotta