segunda-feira, 8 de março de 2010

3 coisinhas

1.
Pode acontecer, por culpa de alguma conjunção astral ou capacidade pessoal de atrair maus fluidos, que algum ser humano carregue consigo coisas ruins, más notícias ou condições atmosféricas adversas, como aquela personagem de história em quadrinhos que leva eternamente uma nuvem negra sobre a cabeça?
De minha parte, acho possível, e tenho até um exemplo local: quando o tempo está ensolarado em Florianópolis e de repente se inverte, começa a prenunciar tempestades e ciclones extratropicais, a gente aposta: tem paulista a caminho da Ilha.
A capacidade dos paulistas de transportar chuva, que me perdoem meus conterrâneos, é notória. E acontece dentro de São Paulo mesmo: paulistano que sai da Capital com sol e embica para a Praia Grande, por exemplo, já encontra tempo ruim antes de começar a descer a serra.
Mas o que seria essa capacidade de levar mau tempo na bagagem diante do poder de carregar terremotos? Os paulistas podem morder-se de inveja: essa família Desarmes, que deixou o Haiti doze dias depois do sismo que assolou Porto Príncipe e foi refugiar-se no Chile, onde, não deu duas semanas, viu-se protagonizando outro tremor, ainda mais intenso do que o primeiro, deixa qualquer um falando sozinho em sua própria insignificância.
“Duas vezes amaldiçoado” foi como o patriarca Desarmes classificou o próprio clã. É claro que ele exagera, é claro que não há como deslocar placas tectônicas utilizando apenas a má sorte... Mas convém alertar a defesa civil pouco antes de uma nova viagem da família.

2.
— Como, meu amigo, você não vai fechar a janela do ônibus, mesmo eu pedindo com toda gentileza? Você vai deixar que um semelhante seu, um irmão em Cristo, tirite de frio só porque não gosta de respirar ar viciado? Essa sua mania egoísta de arejar o ambiente vai desconsiderar que existe um compatriota que não suporta vento nos cabelos? Pois então eu quero ver se você insiste em exercer seu livre-arbítrio lá onde Satanás perdeu as botas... — KPÔU!!! — E agora me dá licença, minha senhora, que eu vou descer no próximo...

3.
Um estudo de psicologia evolutiva feito pela London School of Economics descobriu que homens inteligentes estão mais propensos a valorizar a exclusividade sexual do que homens menos inteligentes. Ou seja: os homens que traem suas mulheres são menos inteligentes do que os homens fiéis, os que acreditam na importância da fidelidade sexual para uma relação demonstram QI mais alto.
No meu caso pessoal, nem é preciso ter QI einsteiniano para defender a monogamia: à beira de completar 54 anos, hoje mais próximo da eternidade do que ontem, teria de ser muito burro para me arriscar a perder, por infidelidade, a única mulher que ainda vê algo de interessante neste amontoado de ossos de pernas finas e cabelos encanecidos em quem um dia ela tropeçou na vida.

15 comentários:

Blog do Morani disse...

Vocês podem não acreditar, mas há pessoas que sozinhas fazem um estrago danado às coisas. Já vi, por exemplo, uma visita em minha casa elogiar com muito entusiasmo uma determinada planta que lhe agradou. Na manhã seguinte, a nossa plantinha linda havia batido as "raízes" - morreu seca, de repente! Já tive uma de minhas filhas, quando pequenas, com os olhos inchados assim que uma vizinha elogiou-os e se foi. As mudanças nunca acontecem na presença da pessoa que externou seus sentimentos negativos, embora sem segunda intenções. Então, como desacreditar que uma família inteira não carregue essa energia negativa em seu bojo? Para o bem de todos Desarme-se família Desarmes! Cruzes! Ó Xente! Sai de banda! Ô vôte! (Descarrego nordestino.

Vico disse...

É, cara, tem razão: a partir de certa idade, se o cara se arrisca a galinhar é capaz de acabar comendo só milho - e isso se tiver dentes ainda!

Gleydson disse...

1. Já morei em São Paulo e uma das coisas que me impressiona é que o paulistano da gema não larga o osso de jeito nenhum! Talvez seja a capacidade de viver 50 dias embaixo d'água e levar ela pra outras bandas!

2. Tática de guerrilha: tente sempre ficar perto da porta em ônibus lotados! Isso pro agressor, claro! :-)))

3. E o pior é que tem gente que acha um vantajão jogar uma relação de 30 anos no ralo por causa de uma noitada... Tem doido pra tudo e parabéns pela conclusão. Rererererere...

Abraços!

cilmar machado disse...

Zanfra:
Antes de qualquer coisa reporto-me à crônica da semana anterior em que houve duas manifestações interessantes sobre a morte. Taí um bom assunto para uma futura crônica, não? Quem sabe nas proximidades de Finados, hem Zanfra? Fala-se muito em vida, o que é bom e salutar, mas nos esqueçamos de sua companheira inseparável e fatal.
Quanto aos assuntos amenos, tratados nesta semana, acredito sirvam como ¨ descarrego ¨ em meio aos assuntos insossos e indigestos que a vida real insiste em nos impingir. Ri muito com suas considerações que, acredito, coincidam com a maioria de seus leitores. Um abraço amigo.

Anônimo disse...

Pois é, meu caro Zanfra, quem iria lavar sua roupa, fazer sua sopa? Com mais de 50 já estamos mais para lá do que para cá...

José Luiz Teixeira

Anônimo disse...

Prezado Zanfra
Não saberia dizer que karma é esse da família Desarmes,mas ela é sobrevivente.Quanto aos tremores,terremotos e outros que tais... é a terra se adaptando a tudo que lhe foi tirado,penso.Eu sou das paulistas que levava chuva para Ubatuba(é sério)...mas lá as chvas continuam sem mim...Quanto a fechar a janela do"busão"...tive uma experiência em um lotadésimo...mais ou menos 200 pessoas onde cabiam 65 no máximo.E ouvi as mesmas palavras do tal da sua história (verdadeira), porém, eu estava "comodamente"...se é que se consegue, sentada, e ofereci meu lugar a ele.Nada aconteceu e continuamos a nossa "incrível viagem amassada" de São Paulo a Itapecerica da Serra.
Quanto à fidelidade ligada à inteligência do homem, eu gostaria que fosse verdade pois seria mais romantico,mais aconchegante,mais simpático e reconfortante...ah como eu queria...
bjusssssss
Sonia Carotta

Marco Antonio Zanfra disse...

Inspiradinha, hein, dona Sônia! Três comentários de uma só tacada, provavelmente para compensar o largo tempo em que esteve ausente de nosso convívio, provocando uivos de saudade! Muito bom tê-la de volta! Como diria Caetano, "não se perca de mim/não se esqueça de mim/não desapareça"...

Kafka disse...

Uma coisa temos de reconhecer: você tem coragem! Não é fácil reconhecer que é um "amontoado de ossos de pernas finas" sem sentir um arranhãozinho que seja na autoestima.
E sua mulher é um poço de bondade por conseguir encontrar algo de interessante nisso aí! Eheheh!

Eliz disse...

Oi Zanfra,
Gosto de ver o lado bom das coisas, fazer o "jogo do contente", no caso da família Desarmes é no mínimo muita sorte sobreviver a dois terremotos... Em relação aos homens inteligentes serem mais fiéis, será que os (acho que são as) pesquisadores (as) e/ou os entrevistados eram homens ou mulheres?

Marco Antonio Zanfra disse...

Difícil dizer, Eliz. Só sei que o resultado dessa "pesquisa" está encontrando várias restrições. O jornalista Carlos Brickmann, por exemplo, não entende o que uma coisa tem a ver com a outra e cita homens comprovadamente inteligentes e comprovadamente infiéis - os Kennedy, Karl Marx, Einstein - como exemplos. E conclui: "É correto supor que muitos homens rigorosamente fiéis também se destacaram pela inteligência. E será razoável imaginar que a inteligência não seja a principal qualidade de quem aceita esse tipo de pesquisa como se fosse séria."

Gennara Vitti disse...

Não conheço Brickmann, mas concordo com ele: qual a relação possível entre o quociente de inteligência e a fidelidade conjugal? Tirando a consideração de nosso blogueiro predileto - de que é preciso ser muito burro para arricar-se a perder a única mulher que o atura - acho que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.

Anônimo disse...

Tem uma piadinha muito boa sobre essa capacidade dos paulistas. Diz que um mineiro, um baiano e um paulista combinaram de fazer um piquenique onde cada um levaria uma coisa: o baiano levou rapadura, o minheiro levou queijo e o paulista levou chuva. Ahah, isso é histórico.

Ricardo Câmara disse...

Realmente, existe a fase negativa que sobrecarrega pessoas e contamina as demais. É o tal exemplo do "olho gordo" ou simplesmente uma visita inusitada que abala um certo lugar, trazendo animosidades e catastrófes. Quando esses tais fenômenos se aproximam conjugados as pessoas, a melhor coisa é superá-los, tentando contornar a situação, ou melhor, invertendo o acaso,transformando em bençãos. Pois tanto o indivíduo que não tem culpa de estar eivado de negatividade, ganha as virtudes de novos horizontes em detrimento do marasmo em que se encontrava.É assim que se combate as fases negra, mostrando uma plenitude de certezas que se pode vencer no transcurso da vida, e não evitando a carga pesada sobrecarregada no semelhante, afinal,todos temos um certo embargo que nos prejudica galgar posições de destaque na escalada da labuta que se não formos forte o suficiente,ficará aquele estigma de "não posso", "é muito difícil", e por aí fica esse amargo destino que em contato com outras pessoas, se forem fracas,afundam-se no mesmo barco. Quanto à pesquisa britânica a respeito do "QI" da infidelidade,só pode ser coisa de inglês, pois estes demonstram não serem bons amantes em ambos os sexos. Existem os famosos feromônios que dispensa qualquer quociente de inteligência...

Fabiano Marques disse...

Fazia tempo que eu não aparecia por aqui para visitá-lo meu amigo.
Vale à pena ganhar um pouco da manhã de domingo, antes de sair para correr meus 15 km, para ler seus comentários mais ou menos bem mau humorados. hehehe
Agora, durante minha corrida, vou refletir sobre a minha inteligência. Ou fazer como vc, levar para o lado da idade. heheheh
Abrasssssssss
P.S.: Desculpe o sumiço.

Marco Antonio Zanfra disse...

Sônia Carotta, Fabiano Marques... é muita emoção para o meu coraçãozinho!