terça-feira, 27 de março de 2012

Uma ação eficaz contra o suicídio

A PM de Florianópolis cumpriu com razoável eficiência, usando uma pistola Taser, a missão de impedir que um homem alucinado se atirasse pela janela de um prédio na praia dos Ingleses, Norte da Ilha. O fato de o homem ter morrido em consequência da descarga elétrica proporcionada pela pistola não vem ao caso. Esse efeito colateral está até mesmo previsto e implícito na expressão “razoável eficiência” com que foi avaliado o sucesso da operação.
O fato é que os policiais quiseram impedir que ele se suicidasse e o fizeram com inegável eficácia, matando-o antes. O resto é especulação dessa imprensa malsã, que não consegue ver o lado positivo das coisas e insiste em toldar com nódoas de incompetência e imperícia as mais alvas e sublimes intenções. Queriam o quê? Que às duas horas da madrugada de domingo um soldado PM tivesse condições de avaliar se um choquinho de 50 mil volts poderia provocar num homem empapuçado de cocaína mais do que uma simples e inofensiva paralisia muscular?
Ironias à parte, acho que está mais do que na hora de rever o conceito de “arma não-letal” com que a polícia avalia a Taser. Até a Wikipédia sabe que uma pessoa com problemas cardíacos pode não resistir do impacto do eletrochoque. E que, mesmo não sendo portador de cardiopatia, alguém cheio de álcool ou pó fica muito mais vulnerável a arritmias letais se agraciado, por exemplo, com 50 mil volts no cangote. Mas queriam que o soldado fosse pensar nisso tudo? Às duas horas da madrugada de domingo?

5 comentários:

Elton Andrade disse...

A ironia do "destino" que levou este homem a adentrar sete palmos de terra me parece tão ridícula quanto a classificação (extremamente ravoável, diga-se de passagem) de "arma não-letal" que liberou o uso desse tipo de instrumento de "pacificação" (leia-se amansamento) para a manutenção da Ordem.

Anônimo disse...

Seria cômivo se não fosse trágico...e ainda somos nós que contamos piada de portugueses!

abs
josé luiz teixeira

cilmar machado disse...

À primeira vista pensei mesmo que fosse piada de português, Zanfra...
Essas armas de choque têm demonstrado ultimamente que são letais sim. Vide o caso do brasileiro morto recentemente por várias delas disparadas pela polícia australiana. Está mesmo na hora de uma revisão...

Serafim disse...

CARO ZANFRA

Se a PM ajuda, o cara morre por choque.
Se a PM não ajuda, o cara morre por omissão.

Como ficamos?

Abraços

Blog do Morani disse...

É Zanfra...

Todos os nossos amigos, que postaram seus comentários neste espaço, estão cheios de razões.
No caso em questão, se não fizesse o sujeito se esborracharia ao chão, e por ser feito ele veio a óbito; na verdade, foi feita a vontade do cidadão que em uma democracia faz de sua vida o que bem entender, e morre à sua maneira. Houve apenas uma mudança aos seus planos de como morrer; e àquelas horas da madrugada... Seria bola ou búlica!