segunda-feira, 21 de abril de 2008

Isabella e os outros


1 - Sinto um aperto na garganta cada vez que leio qualquer tentativa de reconstituição dos últimos momentos de vida da menina Isabella Nardoni. Esta última versão, particularmente, elaborada pela polícia e transcrita pela “Folha Online”, que descreve as agressões que terminaram com sua morte como tendo começado ainda no carro, antes mesmo da chegada da família ao edifício London: sangue na cadeirinha de bebê, sangue na fralda, sangue na toalha, ferimentos na boca para impedi-la de gritar, marcas de dedos no pescoço e um pequeno corpo pendurado pelos pulsos e desabando de mais de 20 metros de altura, em direção ao jardim do condomínio.
Por dever profissional, ainda não tenho como definitiva a versão de que ela tenha sido morta pelo pai e pela madrasta. Mas, nestes mais de 20 dias decorridos desde o assassinato, que outra hipótese conseguiu manter-se em pé pelas próprias pernas? Um desafeto? Um ladrão? Todas as tentativas de redirecionar a autoria do crime parecem ter sido desmontadas pelos exames periciais, e, por isso, só mesmo uma reviravolta surpreendente poderia mudar o rumo das conclusões do inquérito.
Mais do que a monstruosidade do assassinato, o que provoca meu aperto na garganta, como pai, é a fragilidade da vítima. Aos seis anos incompletos, Isabella certamente teria alguns planos traçados para a vida, ainda que esses planos não fossem por enquanto traçados por ela própria. E, embora seja difícil dizer isso sem correr o risco de escorregar para a pieguice, é doloroso admitir que esse futuro não existe mais e que não há como ser replantado, mesmo com a punição de quem, num gesto no mínimo mesquinho, o arrancou pela raiz.

2 – Que me perdoem os são-paulinos, mas seria injusta a desclassificação do Palmeiras neste segundo jogo disputado ontem. O glorioso do Parque Antártica teve uma campanha melhor que o tricolor durante boa parte do campeonato e só tomou a primeira bombada por causa da “mano de Dios” de Adriano, na primeira partida das semifinais. Para se ter uma idéia dos prognósticos, uma enquete feita pelo “Estadão” apontou que as mais prováveis finais do Paulistão seriam entre Palmeiras e Guaratinguetá (30%) e Palmeiras e Ponte Preta (27%). Neste segundo jogo, a despeito do suposto “gás de pimenta” nos vestiários do São Paulo, o Palmeiras esteve melhor em campo e a vitória poderia ter sido mais larga, não fossem alguns “fominhas” que vestiam a camisa verde.

3 – A julgar por algumas estátuas de Santo Expedito mostradas pela TV neste sábado, data de homenagens ao santo das causas urgentes, o homenageado era a cara de Elvis Presley, na época em que o rei do rock já estava meio gordinho por conta dos excessos. Nas imagens sacras representadas por desenhos – os populares “santinhos” – a semelhança se perde um pouco, porém.

11 comentários:

Fabiano Marques disse...

1 - que tal a entrevista do pai e da madrasta no Fantástico?

2 - Bom que o S Paulo perdeu.

3 - Melhor que o Palmeiras não precisou de S Expedito para derrotar o santo do Morumbi.

Anônimo disse...

Boa tarde Zanfra!!!

Gosto muito do seu blog, sempre com temas que nos fazem pensar.
Caso Isabella, tão comentado...Também sinto uma tristeza muito grande quande leio, uma criança tão frágil, cheinha de sonhos, medos. Não consigo compreender como alguém pode fazer mal, sendo ela tão pequena, tão linda. Uma alma pura, como toda criança.
O mundo está se dissolvendo a cada minuto...Valores como o amor, respeito e compreensão não são mais importantes.
Uma boa segunda!

Abraços

Débora (noiva do André)

Anônimo disse...

Teu blog está ótimo, estava lendo algumas coisas. Muito bom mesmo!
Quanto ao caso Isabella, nem dá pra comentar. Quanta loucura né? E quanta covardia. Fiquei vendo as cenas dos dois saindo da delegacia, protegidos pela polícia, com medo! Não tiveram nenhum medo quando cometeram a barbárie. Se é que foram eles, como tudo indica. E digamos que tenha sido um acidente, por que não pediram ajuda, não assumiram que foi um acidente. Mas não, foram mais longe, tiveram a frieza de jogar a menina pela janela. Nem sei se podemos dizer "frieza". Eu sei lá! É de ficar mesmo sem palavras quando vemos que "pessoas" são capazes de certas coisas.

Isabel Mojica Lorenzo

Anônimo disse...

1. Muito triste o caso da menininha que teve que pagar com a vida pelo fato de ser filha do tal Alexandre. Isso se aplica no caso de ter sido morta pelo pai e madrasta ou por um desafeto, como insinuaram. O fato e que eles nao conseguem apresentar fatos que nos convencam da inocencia. Na entrevista do Fantastico, a preocupacao era mostrar como eram "familia", como somos "legais". Tudo bem! Mas isso por si so nao explica o que aconteceu desde a saido do supermercado ate o apê,.

Anônimo disse...

1) ainda..
Eu como uma madrasta tambem, sei como e dificil lidar com esses sentimentos. Tem que se ter muito preparo emocional. De muitas coisas me arrependo, e sei o quanto e facil culpar as criaturinhas que estejam entre a gente e o "outro", transferir toda a razao de sua desgraca para eles. Gracas a Deus consegui me livrar dessa armadilha, e os meus "step-kids" sobreviveram a mim :)

Anônimo disse...

Agora, pra terminar..
Primo, como gostaria de ouvir suas observacoes sobre o caso... ainda tem o "faro" do reporter policial? Bem, acho que uma vez reporter, sempre reporter, ne?
Sobre o Sao Paulo, nem vou comentar.
Vou ficar umas semanas sem te visitar, pois estarei viajando..
Beijao a todos
Cintia

Marco Antonio Zanfra disse...

Difícil para um repórter, cara prima, opinar sobre um fato de cuja cobertura não está participando. Difícil chegar a conclusões partindo de informações dos outros, desencontradas, supérfluas às vezes. A imprensa não seguiu uma linha de cobertura policial - eu diria que faltou um repórter policial de verdade para direcionar a cobertura - e por isso é muito difícil opinar. Eu acho, por exemplo, que certos aspectos que deveriam ter sido questionados no início - como um provável desafeto de Alexandre, com tanto ódio a ponto de matar uma garotinha indefesa, ou as marcas de chinelo no lençol da cama - só o foram tardiamente. A imprensa procurou demais o aspecto emocional e esqueceu-se da questão investigativa. Se tivesse um repórter policial de verdade acompanhando o caso, eu certamente teria mais elementos para devolver meu "faro" à ativa.

Anônimo disse...

A entrevista do pai e da madrasta, no fantástico, não convenceu em nada ... O pai volta e e meia dava um sorriso de demente (o que era aquilo?) deixando transparecer, pela instabilidade emocional que apresentou, que é um completo desequilibrado mental. E a madrasta? Lágrimas de crocodilo o tempo todo ...repugnante... Quando chorou de verdade foi porque estava com medo de voltar pra cadeia...As respostas foram nitidamente ensaiadas. A investigação policial, dentre outras provas materiais colhidas que apontam claramente para a autoria dos dois monstros, já assegurou que não houve presença de terceiros no apartamento... pois os dois caras-de-pau insistem que são inocentes, que o povo os está prejulgando, que ninguém os conhece, etc e tal. Oh...puxa! É mesmo! Não nos esqueçamos que tudo isso pode ter sido obra de um terceiro intruso... conhecido como...GHOST (ou melhor, POLTERGEIST, tamanha a violência pratica contra a criança.). Façam-me o favor!!
Maria Augusta Probst

Marco Antonio Zanfra disse...

E o pior, insubstituível Guta, é que o pai jurou que não vai descansar enquanto não pegar o monstro que fez isso com a filha, ou seja, ele mesmo.
Outra coisa: o que aquela mulher é irritante!!! Só ela queria falar, atropelava as palavras do marido, não o deixava responder a uma só pergunta sem meter a vozinha chorosa no meio.
Tenho quase certeza de que ela é a mentora do crime: ela simplesmente MANDOU e o marido EXECUTOU a filha.

Anônimo disse...

Também acho Zanfra! Ao que parece, ela é a mentora da relação e ele a "vaquinha de presépio", de dois neurônios...

Não dá para se conformar...Além da hediondez da esganadura e agressões outras praticadas contra a indefesa Isabella, ter coragem de arremessar a própria filha pela janela? Que espécie de aberração faria isso? Que tipo de pai, ao ver que havia extrapolado o “castigo físico”, não tentaria reanimar a criança, com respiração artificial e massagem cardíaca? Não a levaria correndo para um pronto-socorro? Mas esse “cidadão” não tentou salvá-la. Aliás, a atitude foi de uma estupidez ímpar. Que bacharel em Direito é esse? Não contaram para ele que o médico legista, ao fazer a necropsia, consegue apurar com exatidão a causa mortis da vítima? Ou será que ele “pulou” a disciplina de medicina legal na faculdade? Uma queda de um corpo do sexto andar, em nada serve para ocultar os outros ferimentos e golpes a que foi submetido antes. Tanto que não ocultou. Agora está cada vez mais claro como toda a barbárie se sucedeu!
Guta.

Anônimo disse...

É, meu doce amigo, cada vez que ouço reportagens sobre Isabela, me pergunto - até que ponto somos culpados pela sua morte e
quantas outras outras Isabelas estão mortas na calada da noite e não tomamos conhecimento? Maldita sociedade em que vivemos amordaçados sem poder fazer nada. Espero que pelo menos neste caso se faça justiça, pois
ate aqui tudo está tão claro que não entendi ainda o que a polícia espera para prender os pais acusados.
Mas, enquanto isso, vamos mais uma vez viver a ilusão de um mundo melhor, onde paira a justiça, o amor e o respeito pelo próximo.

Célia Silva Vasconcellos