segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Pagou, levou


Para os que acreditam que isto só acontece no Terceiro Mundo – ou mesmo na escala em ascensão de países em desenvolvimento: um pai foi preso na Califórnia, semana passada, por vender a própria filha. Assim, na bucha! É certo que ascendência latina do pai pode soar como currículo ou como destino inescapável, mas não custa lembrar que isso aconteceu nos Estados Unidos...
Foi na cidade de Greenfield e a garota tem 14 anos. Não, ela não foi vendida em leilão – como algumas leiloam a própria virgindade – e a transação não aconteceu nas dependências de um mercado de escravos: o pai vendeu-a para casar-se. Como ressarcimento pela entrega da garota a outro latino, de 18 anos, ele receberia US$ 16 mil em dinheiro, cem caixas de cerveja, algumas caixas de carne e outros objetos não especificados pela nota distribuída pela BBC Brasil.
A adolescente chegou a sair de casa para ir morar como seu novo proprietário. Só que ele não pagou o que devia – o que, aliás, seria de se esperar, pois quem já viu latino ter dinheiro nos Estados Unidos? – e o pai, cumprindo o currículo ou o destino inescapável de quem nasceu terceiro-mundista e vai morrer terceiro-mundista, telefonou para a polícia, denunciou o caloteiro e reivindicou a devolução do produto. É como você entrar na casa de alguém, furtar algum objeto com defeito e depois ir ao Procon denunciar o dono da casa.
Antes, o pai tinha registrado queixa na polícia de que a filha havia fugido de casa. Só depois de ficar uma semana sendo enrolado pelo comprador e sem ver a cor do dinheiro é que ele resolveu denunciar a frustração no pagamento
Calculo, mas posso estar enganado, que em momento algum passou pela cabeça desse pai que a negociação envolvendo a filha é considerada – até nos países de Terceiro Mundo, vejam só! – tráfico humano. E que, apesar de julgar que a filha não passava de mercadoria e que ele era seu legítimo proprietário, as leis não permitem esse tipo de acerto envolvendo seres humanos. Não se pode vender uma pessoa, para ser mais claro.
Dizem os policiais de Greenfield que o problema é comum na região: crianças de 12 anos, ou mesmo mais jovens, são vendidas ou oferecidas à venda pelos pais, principalmente num comunidade rural habitada por mexicanos.
Mas, agora, só aqui entre nós, gostaria de fazer uma pequena ressalva: se ele tivesse vendido a menina para alguém capaz de honrar os compromissos, que tivesse entregue direitinho os US$ 16 mil e as caixas de cerveja, será que nós estaríamos sabendo da história? Ou, ampliando a pergunta, quantos casos entre pais vendedores e compradores adimplentes devem ocorrer semanalmente e ficar entre quatro paredes, porque o toma-lá-dá-cá funciona?
Triste resumo: só ficamos sabendo porque deu errado...

8 comentários:

Frank Maia disse...

geralmente a gente só sabe o q dá errado, né, Zanfra? Na política tb é assim. Abrazzzz, parcerão!

Zélia Pinheiro disse...

De fato só sabemos o que dá errado como no caso do austríaco-primeiro-mundista que manteve a filha encarcerada por décadas e que hoje está recebendo milhares de cartas de admiradoras de todo o mundo.Eita mundo cão!!!
A con clusão que chego é que desvio de caráter e falta de vergonha não é prerrogativa de pobre e terceiro-mundista né?

Anônimo disse...

Não importa o mundo ou a origem , estamos cada vez mais no fundo do poço e temos é que agradecer aos erros pois assim sabemos e podemos ficar mais atentos as atrocidades do dia a dia.

Anônimo disse...

Prezado Jornalista.
Dentre o grande número de anúncios e "correntes" recebo diariamente pela Internet " pegadinhas" umas só de brincadeira e outras com más intenções, pedindo informações para a Caixa Economica, ministerio Publico etc.
Outro dia recebi uma, como se fosse de uma falculdade propondo um problema e oferencendo premios para os 20 primeiros acertadores . Não respondi mas o problema proposto era o seguinte:
Eu, tu e ele fomos almoçar num restaurante, a conta ficou em R$30,00, Dividimos a conta e cada um pagou R$10,00. O dono do restaurante ,como eu, tu e ele eramos bons fregueses devolveu R$5,00 em 5 notas de R$1,00 ao garçom que ficou com 2 notas e deu uma para cada um de nós.
Eu tu e ele pagamos R$9,00
O garçom ficou com R$2,00
3x9=27+2=29, onde foi parar R$1,00?
Colocado desse modo pode até parecer que existe um problema a ser resolvido, quando visto como é na realidade R$30,00-R$5,00=R$25,00 +3=28+2 do garçom =30 não sobrou nada.
O caso que você contou e os muitos casamentos arranjados pelos pais para filhos e filhas só pensando em dinheiro, não interessando se o pretendente é boa pessoa e se a sua fortuna foi feita honestamente , no fundo é a mesma coisa,desse homem que vendeu a filha, só difere no modo de apresentar o problema ou a solução, porque dinheiro ainda é solução para muitos problemas para muita gente.
Um grande abraço
Maria Gilka.
PS- Será que algum blogueiro que le e escreve no seu blog, saberia me dizer com que objetivo a secretaria de estado da cultura de são paulo, envia para ser publicada no Diario Oficial do Executivo , noticias erradas, e não as ratifica mesmo sendo alertada?
Os dois Salões paulistas foram extintos com a revogação da lei que os criou. A SEC vai realizar o II Salão de Belas Artes de São Paulo, e publica na imprensa oficial a divulgação desse salão ,chamando-o de Salão Paulista de Belas Artes e escreve que foi instituido a nível nacional aos 11/11/1930 de acordo com o Decreto federal 19.938,com o intuito de difundir a arte e a cultura em todo país. Isso é mentira!
O Decreto n. 6111 de 4 de outubro de 1933 que criou o Salão Paulista de Belas artes , foi assinado pelo Armando Salles Oliveira , interventor Federal usando das atribuições que lhe foram conferidas pelo decreto federal 19.398 de 11/11/1930.
O que acho mais estarrecedor é que nenhum jornalista de nenhum jornal escreve nada sobre este assunto e um jornalista do Estadão chegou a me xingar, sem me conhecer, dizendo que sou " Mau" Mocrea de Assunto único.

Anônimo disse...

Prezado Zanfra;
Em se tratando de caso dessa natureza,envolvendo uma adolescente incauta,não se pode atribuir ao genitor, o substantivo de "pai", haja vista que uma atitude desmoralizante,daquele indivíduo em negociar a própria filha com o propósito de prostituição, pois o que houve não foi uma concepção de união matrimonial, e sim a volúpia pelo himeneu, afastando-se do consenso conjugal.A essa altura, a menina já não se dispõe da pureza das neves.O aproveitador usou-a em celebrar no altar-de-venus e agora recai novamente aos cuidados do "pai" desalmado, o qual tentará uma nova renogociação,porém despreendida do hímen,sem o qual haverá baixa de preço.

Blog do Morani disse...

Terça-feira 20/01/2009

Meu prezado Zanfra:

Num "mundinho" eivado por coisas absurdas e inaceitáveis - onde tudo se faz com as caras mais limpas -, sem a mínima análise de se estar a praticar ou não atos decentes; num orbe onde se pratica toda sorte de covardias, de injustiças e de corrupção, a gente só pode mesmo esperar coisas do tipo. E são de lá, dos EUA, os maiores absurdos, as maiores violências e os exagerados assassínios em massa. O que vemos na Faixa de Gaza é outro absurdo sem reprimenda do restante do referido "mundinho". Disse em meu blog: nada mais me surpreende e nenhum fato é mais motivo de
assombro. Tudo é possível ao "bicho" homem. É doloroso sabermos de fatos de tal natureza animalesca. Aliás, declino minhas sinceras e humanas desculpas à
animália. Você tem razão ao afirmar que "só ficamos sabendo porque deu errado". Um forte abraço do seu leitor.

Morani

Anônimo disse...

Acho que isso é um jeito disfarçado de prostituição, mas, no Brasil, em termos de Código Penal, não sei se o latino poderia ser enquadrado, porque a lei fala claramente em tráfico para prostituição. Acho que com um advogado razoável ele conseguiria escapar: afinal, "vendeu" a filha para casar-se, não para se prostituir. Mesmo do Estatuto da Criança e do Adolescente acredito que dê para escapar, porque o artigo 239 para em "envio de criança ou adolescente para o Exterior", e, como sabemos, o homenzinho lá está trabalhando com comércio doméstico.

anareis disse...

Estou fazendo uma campanha de doações para criar uma minibiblioteca comunitaria na minha comunidade carente aqui no Rio de Janeiro,preciso da ajuda de todos.Doações no Banco do Brasil agencia 3082-1 conta 9.799-3 Que DEUS abençõe todos nos.Meu e-mail asilvareis10@gmail.com