segunda-feira, 19 de abril de 2010

Chose de lóque!

A meia dúzia de sete ou oito renitentes leitores deste blog deve lembrar-se do personagem Sebá, “codinome Pierre”, que Jô Soares “hospedou” em Parri nos anos 80 como o último dos exilados brasileiros. Enterrado em agasalhos, Sebá ligava para a mulher no Brasil e preparava sua volta, mas sentia-se impedido de regressar diante da situação que ela descrevia: “Madalena, você não quer que eu volte!” era o bordão que ele soltava ao final, diante do quadro desfavorável ao regresso
Pois Sebá não era certamente o último exilado político. O último – ou provavelmente o último, já que pode haver um ou outro perdido em algum cantinho do mundo, como aquele japonês que ficou trinta anos escondendo-se nas selvas das Filipinas, sem saber que a Segunda Guerra havia terminado – desembarca hoje em Florianópolis, depois de mais de 40 anos vivendo no México.
Edilton Swarovski, ex-marinheiro, foi preso em 25 de março de 1964 por motim, após participar de reunião no Rio de Janeiro que pedia melhores condições de trabalho e prestava apoio às reformas de base defendidas por João Goulart. Conhecido como a “revolta dos marinheiros”, o episódio – comandado pelo cabo José Anselmo dos Santos – acabou sendo um dos estopins do golpe militar de 1964.
Natural de Caçador, no meio-oeste catarinense, Swarovski foi torturado brutalmente – consta até que teve dentes e unhas arrancados – e exilou-se desde sua libertação. Casou-se duas vezes e constituiu família no México, onde sobrevivia graças a uma pequena pensão do governo mexicano. Aos 69 anos, doente de Parkinson, debilitado, pesando pouco mais de quarenta quilos, o ex-marinheiro não havia ainda retornado ao Brasil por medo de ser novamente preso, apesar de estar anistiado desde 1979.
A chegada do provável último exilado coincide com a polêmica declaração da pré-candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, a respeito de dar ou não a cara a tapa em situações de crise: para confrontar o ex-líder estudantil José Serra – que se exilou no Chile durante a ditadura militar – a ex-terrorista Dilma questionou a coragem dos que buscaram guarida em outros países quando a repressão caiu de pau. “Eu não fugi da luta”, disse ela.
Embora certamente tivesse alvo definido, a pré-candidata petista acabou atingindo com a declaração outros ilustres exilados, como José Dirceu, Leonel Brizola e Miguel Arraes, pessoas a quem não caberia a pecha de covardes. Dilma cometeu o grande pecado da generalização, da intolerância. Cada caso é um caso e cada um tem suas razões. As de Swarovski, por exemplo, devem ser muito particulares para que ele resista 31 anos após a anistia para colocar novamente os pés em sua terra.

28 comentários:

Gleydson disse...

Oi Zanfra! Como sempre, no calor das discussões, o próprio umbigo nunca é privilegiado... Acho bom eles pararem com essas briguinhas de "eu sofri mais que você"... Como você escreveu, cada um sabe de si.

Aliás, o que tem aparecido de e-mail a respeito da "terrorista" Dilma ultimamente, hein? "Será porque?" :-P

Abraços!

Cintia disse...

Nossa, chega de terrorista no poder... Ja vimos no que eles se tornam depois que a juventuda passa e a ideologia morre..
Uma das minhas mais dolorosas decepcoes foi o Genoino..

Ricardo Câmara disse...

No tocante ao exílio, uns foram privilegiados, estudando, trabalhando e recebendo proventos do país abrigo. Estes não servem para externar as suas vivências em prol da política reinante desse país chamado Brasil. Agora quanto aos que perderam a metade de suas vidas, já velhos, doentes,sem apoio, sem forças para sobreviveram o restante dos anos, merecem guarida e amparo da "Pátria",a qual os defenestrou, lançando para terras estranhas e retornam, encontrando uma nação esfacelada, com o patrimônio público entregue em mãos alheias e uma política cada vez complicada e longe de uma reforma.

Blog do Morani disse...

Hoje a conversa tem mais abrangência.
À época em que tais fatos se deram eu ainda não acompanhava o andamento de nossa política nem dos políticos, mas eles já deviam ser iguais aos que temos hoje. Todavia o maior entrave aos generais do Alto Comando das Forças Armadas fora a posse do senhor João Goulart na Presidência da República. Insatisfeitos, por intolerância, tiveram ótimo pretexto na oportunidade do famoso Comício da Central do Brasil tendo à frente o senhor João Goulart anunciando as Reformas de Base e privilégiso às classes trabalhadoras. A Revolta dos Marinheiros, encabeçada por Cabo Anselmo, teve em Edilson Swarovski coadjuvante influente. Disso se aproveitaram aqueles generais para o Golpe contra a Democracia em 1964. O fato verdadeiro era que João Goulart era pessoa em nada benquista pelas forças militares. Deu no que deu, embora levasse muitos anos. Contudo, ai estão alguns terroristas empoleirados ao Poder e tendo por chefe maior o senhor Lula. Fazem parte, ainda, Genoíno, José Dirceu, Dilma Roussef - uma autêntica terrorista fria, assaltante de bancos e sequestradora. Dilma alega: "Eu não fugí à luta". Nem poderia, pois seria executada pelos próprios companheiros que não perdoavam os que corriam da raia. Ao se entrar em quaisquer ações marginalizadas - terrorismo ou tráfico de drogas - não se pode desistir sem mais nem menos. Abraçou a causa, morra pela causa.
Ou nos unimos, em 03 de outubro deste ano, contra o que aí está, ou naufragaremos sem remédio e sem socorro. Os amigos não sabem o que fazem grupos de brasileiros no Japão, sob a bandeira do PT, porque os nossos meios de comunicação não noticiam,
por não ser do interesse do governo que sustenta grupos, lá e em França, e eles se proclamam "poderosos em todo o mundo". Desviei-me do assunto mestre, mas não poderia deixar de mencionar o terrorismo partidário petista fora dos limites da nossa Nação.

Serafim disse...

CARO ZANFRA

Essa só não fala mais besteiras porque é uma só.Também,com o "professor" que tem!
Quem sabe em 04 de Outubro ela não se exila para o nosso deleite.
E saber que um dia vestí camiseta dessa praga de Partido.

Abraços

Vico disse...

A Dilma realmente pisa na bola às vezes. Mas nada mais me surpreende, depois que ela disse que a preservação do ambiente prejudica o desenvolvimento sustentável...

Marco Antonio Zanfra disse...

Mudando de assunto
Eyjafjallajokull - Com esse nome, o vulcão lá da Islândia não estava inativo: estava engasgado!

Anônimo disse...

Bem alguem ou muitos já disseram por aí...."Que saudades dos militares"...nem tudo pode ser saudade mas, algumas coisinhas sim. Principalmente pelo que está acontecendo hoje no nosso Amada e Judiado País. Hoje temos terroristas antigos aboletados em todos os níveis desse des-governo capitaneado pelo "Garganta Mor" Lulla Lá, de triste passado como lider metalúrgico. Não trabalha desde que chegou á São Paulo.
Esse refugiado que aí está retornando, independente das condições que se encontra, certamente será imediatamente procurado pelo Dr. Anistia e ainda, certamente será mais uma "indenização dos condenados" que teremos que arcar. Bem, no Brasil não exite mais pobres e nem necessitados, porque estou reclamando...realmente outubro está aí é hora de mudar, vamos ver no que dá.

Blog do Morani disse...

Aí Zanfra! Nome dificil de escrever e mais dificil pronunciar esse do vulcão da Inslândia: Eyjafjallajokull. Tem razão: ele estava era engasgado e não inativo, mas, por fim, conseguiu desengasgar, e olhe no que deu!
É com a mais viva alegria que vejo ex-petistas como eu reconhecendo o desgoverno do "Reizinho" e patriarca pai dos pobres.

Anônimo disse...

Prezado Zanfra
Em verdade é que me sinto "entalada" à semelhança do vulcão islandês, com tantas barbaridades cometidas pelos nossos ilustres políticos, lá e cá.
É um vale tudo geral.Nosso Brasil deveria ser tratado como uma verdadeira Nação que é.Mas enquanto o alvo de cada um for seu próprio umbigo...continuaremos a assistir esse teatro...repetido...repetido...repetido....como velha ferida.Quanto ao meu vulcão....se desentalar,felizmente,abrangerá,apenas,as dependências do meu banheiro.Lembrando....sem saudade qualquer da ditadura militar.Mordaça....apenas para crimes hediondos.
bjusssssssssssssss
sonia carotta

cilmar machado disse...

Creio que, até agora todos concordamos que do jeito em que está, o Brasil não pode continuar. E a cria do governo Lula é realmente a certeza da continuidade de desgoverno e dessa papagaiada da qual já nos cansamos.
Quanto ao vulcão europeu, aqui no Brasil temos também um furacão estrelado, de nome também esquisito: FFESSOURAMLID...

Fabiano Marques disse...

Hmmmm. Entendi que cada caso é um caso e que cada um é cada um.

Agora, não entendi porque os rótulos de "ex-líder estudantil" e "ex-terrorista".

Poderia ser "ex-pai dos genéricos" e "ex-mãe do PAC".

Há outros rótulos que prefiro não colocar nessas linhas que escrevo.

Fabiano Marques disse...

Esqueci de recomendar.

Em época de quase campanha, começam a aparecer as aberrações.

Não é a primeira, mas, no meu blog tem a capa da Veja desta semana.

Veja

http://emcimadapauta.blogspot.com

abrassssssss

Marco Antonio Zanfra disse...

Os "rótulos" têm a ver com a situação descrita: Serra era presidente da UNE, foi preso no congresso de Ibiúna e asilou-se depois disso; Dilma participou a ALN, que defendeu a prática da luta armada,e "não fugiu da luta". Chamá-los de ex-líder estudantil e ex-terrorista (ou ex-guerrilheira, se preferir) tem apenas o caráter de resgate histórico.

Marco Antonio Zanfra disse...

Quanto à capa da "Veja", não sei se foi uma boa ideia estética fazer o Serra sorrir...

Carlos Martí disse...

Hummmm, não dá para deixar as crianças sózinhas muito tempo que logo elas aprontam. Depois de ler as opiniões deste blog, chegando a contemplar a saudade dos milicos só posso dizer uma coisa: vocês não querem que eu volte!

Marco Antonio Zanfra disse...

Calma, companheiro: tenho saudades dos meus vinte e poucos anos, mas não é por isso que eles vão voltar! O que passou, passou. E, por falar em "vinte e poucos anos", o senhor escreve bem a tempo de receber os cumprimentos por seus "cinquenta e poucos anos", no dia 28.

Kafka disse...

Chato você ter se lembrado do aniversário do Carlos Marti e ele não ter se lembrado do seu, né? Ainda que com uma semana de atraso, ele poderia mandar-lhe um abraço pelo menos.

Marco Antonio Zanfra disse...

A semana de atraso seria o de menos. Já fiz as contas: aos 54 anos, uma semana equivale exatamente a 0,000356% de minha vida.

Carlos Martí disse...

Do alto dos meus quase 54 posso "rabujentar" e implicar com o Kafka que no caso de não ser o alter ego do blogueiro, não tem nada com isso. Feito o reparo, confesso o "mea culpa", prometendo tentar redimir-me dando o abraço pessoalmente em agosto, não sem antes deixar minha felicitação virtual aos 54 do amigo Marco.

Marco Antonio Zanfra disse...

Alter ego, eu?!?
Quando for um escritor famoso, quem sabe não terei heterônimos, ghost writers, estagiários e outros mal-pagos para dividir minhas letrinhas. Enquanto um inédito zé-ninguém, porém, só posso contar com colaboradores eventuais, quase anônimos, que às vezes dão uma dentro.

Carlos Martí disse...

Modéstia sua. E como se vê a vida desde os 54?

Marco Antonio Zanfra disse...

Guenta mais um pouquinho! Semana que vem você me diz se mudou alguma coisa.

Glória aos piratas,às mulatas,as baleias disse...

Se o voto ainda fosse escrito no papel,como antigamente,certamente,deixaria meu protesto:Votaria nas PUTAS,já que seus filhos nada resolvem.
Meu candidato nessas eleições é único.De presidente a deputado estadual será o mesmo:Famoso lateral esquerdo que fez aquele gol maravilhoso,de falta,contra o Holanda,acho, na copa de 94.BRANCO

Remédio BO(Bom para otário) disse...

Pouco antes de emplacar a sus "Lei dos genéricos",nosso candidato commpra para o seu filho o laboratório farmacêutico EMS.

Marco Antonio Zanfra disse...

Cuidado: ao votar em branco, você pode ser enquadrado na Lei Afonso Arinos!
E bem-vindo de volta! Seu modem ficou desligado por três semanas, depois que aquele técnico embriagado resolveu dar "uma arrumadinha"?

Unknown disse...

Oi Zanfra.

Depois de um "longo e tenebroso inverno" cá estou novamente.

Generalizar nunca foi uma atitude inteligente. A nossa ilustre "desbocada" pré-candidata achou mais conveniente assumir o seu lado Bin Laden do que pedir exílio para aguardar a poeira baixar e voltar a lutar por suas crenças. Quanto ao ex- marinheiro Edilton Swarovski, creio que o fato de criar raízes no país que o abrigou, constituindo família e estabelecendo vínculos fortes, podem realmente tê-lo feito repensar sobre o que realmente era importante para sua vida.

Um forte abraço,

Jacinto.

Marco Antonio Zanfra disse...

O Jacinto escreveu? Não acredito!